Para o Ministério Público Federal penas devem ser ainda maiores
A Justiça Federal condenou o ex-prefeito do município de Rio do
Fogo, Túlio Antônio de Paiva Fagundes, a 15 anos de reclusão, pena a ser
cumprida inicialmente em regime fechado quando a ação transitar em julgado,
além de pagamento de multa. O ex-prefeito foi denunciado pelo Ministério
Público Federal (MPF/RN) por desviar parte dos recursos de convênio com a União
e forjar um procedimento licitatório que jamais existiu, usando documentos
falsos. Além dele, o então presidente da Comissão de Licitação, Fábio Henrique
de Góis Carvalho, também foi condenado.
O Convênio 825/2000, assinado com o Ministério da Integração
Nacional, tinha como objetivo reconstruir 22 casas populares. O Município
recebeu R$ 80 mil. Os recursos foram repassados em 2001 e a prefeitura teria,
supostamente, realizado uma licitação na modalidade convite, que resultou na
contratação da Rev-Print Serviços Ltda.
No entanto, de acordo com parecer da Caixa Econômica Federal, o
objetivo não foi cumprido integralmente, tendo sido atestada a execução de
apenas 39,79%. Constatou-se ainda que a relação de beneficiários foi alterada e
que alguns serviços não foram realizados, como as instalações hidrossanitárias,
pela não construção de tanques, e a não colocação de portas nos quartos.
De autoria do procurador da República Rodrigo Telles, a denúncia
apontou que além da execução insatisfatória da obra, a documentação evidencia
que o procedimento licitatório, supostamente realizado, foi formalizado
fraudulentamente pelo ex-prefeito, com ajuda do então secretário de
administração, Fábio Henrique de Góis, para fins de prestação de contas.
“Os sócios da empresa Rev-Print Serviços Ltda., que teria sido
contratada pelo município após o certame licitatório nº 008/2001, afirmaram que
não participaram de licitação no Município de Rio do Fogo e que não prestavam
serviços na área da construção civil”, destaca a ação.
Penas maiores - Para o MPF/RN, as penas impostas
ao ex-prefeito e ao ex-presidente da Comissão de Licitação devem ser
aumentadas. “As circunstâncias especialmente graves do crime contra a lei de
licitações, o comportamento da vítima e os maus antecedentes do ex-prefeito
Túlio Antônio de Paiva Fagundes, que já foi condenado em outros processos, nos
obrigam a recorrer ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região, para a aplicação
de penas ainda maiores”, explica o procurador.
De acordo com o recurso interposto pelo MPF, o próprio juízo, na
sentença, reconheceu a existência de outra condenação definitiva em desfavor do
ex-prefeito de Rio do Fogo, na Ação Penal nº 0004807-97.2006.4.05.8400. “Como
se trata de condenação distinta, ela pode perfeitamente caracterizar maus
antecedentes, cumulativamente com a reincidência”.
“No caso concreto, tanto as circunstâncias do crime previsto no
art. 1º, inciso I, do Decreto-lei nº 201/67 quanto as do art. 89, caput, da Lei
nº 8.666/93 exacerbaram a normalidade típica e revelaram-se especialmente
graves. Entretanto, por equívoco, a sentença apenas considerou desfavoráveis as
circunstâncias do primeiro delito”, descreve o recurso.
Em relação às multas aplicadas aos réus, o MPF considera que
também devem ser aumentadas. “O número de dias-multa deve ser arbitrado
proporcionalmente à pena privativa de liberdade aplicada. Assim, o órgão
ministerial também pleiteia a elevação de todas as penas de multa impostas no
caso concreto.”
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