Os
escolhidos para comandar a nova CPI da Petrobras na Câmara tiveram parte de
suas campanhas bancada por empresas acusadas na Operação Lava Jato.
A
investigação apura fraudes em licitações na estatal e pagamentos de propina a
funcionários e políticos.
O
presidente da CPI, o deputado federal Hugo Motta (PMDB-PB), teve 60% de sua
última campanha paga com recursos dessas empresas.
No
ano passado, Motta recebeu R$ 451 mil da Andrade Gutierrez e da Odebrecht. No
total, ele arrecadou R$ 742 mil para fazer campanha.
Relator
indicado pelo PT, cuja escolha ainda precisa ser referendada pela comissão,
Luiz Sérgio (PT-RJ) recebeu R$ 962,5 mil das empresas Queiroz Galvão, OAS, Toyo
Setal e UTC. O valor representa 39,6% da receita de sua campanha.
Essas
empresas são apontadas pelo Ministério Público e já foram citadas por delatores
como integrantes de um cartel. Executivos da OAS e da UTC atualmente já
respondem a ações penais. Outros ainda são investigados.
Na
CPI da Petrobras aberta na legislatura passada, um dos problemas apontados ao
fim da investigação é que tanto as empresas como os políticos acabaram poupados
pelos parlamentares.
Motta,
que tem 25 anos e está em seu segundo mandato, é ligado ao grupo do presidente
da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao ministro do TCU (Tribunal de Contas da
União) Vital do Rego (PMDB-PB), que comandou a última CPI sobre a estatal.
Em
2014, ele presidiu a Comissão de Fiscalização Financeira e administrou
depoimentos da ex-presidente da Petrobras Graça Foster, do ex-ministro Guido
Mantega (Fazenda) e do ex-diretor Nestor Cerveró sobre a compra polêmica da
refinaria de Pasadena, nos EUA, que colocou a estatal no centro da crise.
A
assessoria do deputado informou que as doações recebidas foram indiretas, por
meio de repasses feitos pelo PMDB, e que ele não tem ligação com a captação dos
recursos ou com representantes das empresas.
RELATOR
O
último cargo de destaque do deputado Luiz Sérgio foi no início da primeira
gestão Dilma Rousseff (2011), no comando da Secretaria de Relações
Institucionais.
Sem
poder de bancar as negociações no Congresso, o petista chegou a ganhar o
apelido de "garçom", porque só entregava as demandas.
Ainda
chegou a ocupar o cargo de ministro da Pesca no primeiro mandato de Dilma, após
deixar as Relações Institucionais.
O
petista já foi escalado como relator de uma das principais CPIs contra o
governo Lula, a dos Cartões Corporativos. Na ocasião, seu relatório final
poupou o governo e não apontou irregularidades no uso dos cartões.
Procurada
para comentar as doações, a assessoria de Luiz Sérgio informou que o deputado
só irá se pronunciar sobre fatos relacionados à CPI depois que ele for
confirmado como relator.
Fonte:
Folha de São Paulo
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