Levy Fidelix, na época em que era candidato à presidência Foto: Marcelo Carnaval / O Globo |
O ex-candidato à presidência da
República pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) Levy Fidelix foi
condenado, na última sexta-feira, pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, a
pagar uma multa de R$ 1 milhão numa ação civil pública por danos morais movida
pelo movimentos Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e
Transgêneros (LGBT). Em 28 de setembro de 2014, quando participava de um debate
na TV, ao ser questionado sobre o motivo pelo qual muitos dos que defendem a
família se recusam a reconhecer o direito de casais de pessoas do mesmo sexo ao
casamento civil, ele respondeu que “dois iguais não fazem filho” e “aparelho
excretor não reproduz”. A decisão é de primeira instância e cabe recurso.
Na ocasião,
Fidelix comparou a homossexualidade à pedofilia, afirmando que o Papa Francisco
vinha promovendo ações de combate ao abuso sexual infantil, afastando
sacerdotes suspeitos da prática. O candidato teria afirmado ainda que o mais
importante é que a população LGBT seja atendida no plano psicológico e afetivo,
mas “bem longe da gente”. O Tribunal de Justiça de SP considerou que as
declarações do então candidato à presidência haviam “ultrapassado os limites da
liberdade de expressão, incidindo em discurso de ódio”.
A sentença
destaca ainda que muitos homossexuais sofrem agressões por causa de sua
orientação sexual - algumas chegando a resultar em morte: “isso reflete uma
triste realidade brasileira de violência e discriminação a esse segmento, a
qual deve ser objeto de intenso combate pelo Poder Público, em sua função
primordial de tutela da dignidade humana”. E concluiu, então, que, por esses
motivos, “agiu de forma irresponsável o candidato Levy Fidelix e, em
consequência, o seu partido ao propagar discurso de teor discriminatório. Na
qualidade de pessoa pública formadora de opinião, que obteve número relevante
de votos no primeiro turno das eleições presidenciais de 2014, ao discursar em
rede televisiva a todo o Brasil, tinha o dever ético e jurídico de atuar em
consonância com os fundamentos da Constituição”.
Segundo a
sentença, os R$ 1 milhão da multa serão revertidos para as ações de promoção de
igualdade da população LGBT, conforme definição do Conselho Nacional de Combate
à Discriminação LGBT.
Polêmica
As
declarações de Levy Fidelix durante o debate causaram fortes reações e
repercussão internacional. “Aparelho excretor não reproduz (…) Como é que pode
um pai de família, um avô ficar aqui escorado porque tem medo de perder voto?
Prefiro não ter esses votos, mas ser um pai, um avô que tem vergonha na cara,
que instrua seu filho, que instrua seu neto. Vamos acabar com essa historinha.
Eu vi agora o santo padre, o papa, expurgar, fez muito bem, do Vaticano, um
pedófilo. Está certo! Nós tratamos a vida toda com a religiosidade para que
nossos filhos possam encontrar realmente um bom caminho familiar”, afirmou à
época.
No Twitter,
a hashtag #LevyVoceENojento chegou ao topo dos Trending Topics no Brasil. O
britânico “The Guardian” também criticou as declarações do então candidato.
Fidelix só ganhou apoio de políticos assumidamente conservadores e também alvos
de polêmicas, como o deputado federal Jair Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia.
Fonte: EXTRA
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