A Coordenadoria Estadual da Infância e da Juventude (CEIJ) do
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) iniciou nessa quarta-feira
(20) a Semana Estadual da Adoção, no auditório da Escola da Magistratura do Rio
Grande do Norte (ESMARN). O evento debaterá temas variados sobre a realidade
atual da Adoção, no Brasil e no Rio Grande do Norte. A ação, que ocorre até o
próximo dia 25, conta com a parceria, na coordenação e execução, de
instituições como a não governamental "Projeto Acalanto", que assiste
pessoas interessadas em adotar e apoia crianças e adolescentes em situação de
acolhimento. Durante a abertura o escritor e psicólogo Luiz Schettini FIlho,
palestrante da abertura da Semana, destacou que “nesses 45 anos que milito na
adoção, pudemos ver alguns avanços, como a busca pela adoção dentro dos
trâmites legais, mas ainda há longos desafios pela frente”, ao falar sobre o a
"Adoção: o destino de crianças e adolescentes em suas mãos".
Para o psicólogo autor de vários títulos editoriais nesta área e é
pai de cinco filhos adotados, essa é uma nomenclatura que precisa ser melhor
compreendida por todos e não apenas por aqueles interessados em adotar uma
criança. "Todos os filhos são biológicos e todos os filhos são adotivos.
Biológicos, porque essa é a única maneira de existirmos concreta e
objetivamente; adotivos, porque é a única forma de sermos verdadeiramente
filhos”, define o palestrante, escritor de seis livros voltados ao assunto, ao
destacar o advento da nova lei da adoção, promulgada em 2009, como um grande
passo para ampliar as discussões, as problemáticas e preconceitos em torno da
adoção.
A Semana Estadual da Adoção traz o tema “Adoção Legal: um ato de
Amor” e tem o apoio de Secretarias de Saúde, Ministério Público, da Associação
de Magistrados do RN (AMARN), bem como da Comissão Estadual Judiciária de
Adoção (CEJAI/RN), as quais elaboraram palestras e debates em torno do tema.
Números
Atualmente, o Cadastro Nacional de Adoção conta com mais de 20 mil
interessados em adotar uma criança. Um número que, para o juiz coordenador da
CEIJ/RN, o magistrado José Dantas de Paiva, representa uma preocupação,
justificada no baixo número de crianças aptas para a adoção, caso comparado com
o quantitativo de candidatos.
“São pouco mais de cinco mil crianças no país. Um dado que, à
primeira vista, seria resolvido diante do grande número de interessados. O
problema é que as crianças aptas não integram o perfil daqueles que buscam
adotar”, lamenta o magistrado.
Para Dantas, o evento é uma nova oportunidade para promover a
conscientização sobre a realidade brasileira e para discutir a chamada “adoção
necessária”, que envolve o trabalho para que um grupo de irmãos venha a ser
adotado e não apenas um deles, bem como a adoção voltada ao deficiente físico
ou a interracial. Os dados atuais indicam que aproximadamente 60% não tem
irmãos cadastrados e 67% não são brancas, já que se trata da cor de pele ainda
mais procurada pelos interessados.
“Queremos convocar toda a rede de saúde, por exemplo, para que os
profissionais da área sejam orientados em situações como as que acontecem
quando mães querem entregar os filhos para a adoção na hora do parto”,
acrescenta o magistrado.
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