Mulher foi amarrada numa árvore numa região de mata fechada. Chamas atingiram as penas da vítima, que foi socorrida em estado de choque para o hospital (Foto: Gilmar Santos/Inter TV Cabugi) |
Anderson Barbosa Do G1 RN
A testemunha-chave da chacina que vitimou cinco mulheres na última quarta-feira
(15) dentro de um prostíbulo na zona rural de Itajá, cidade
distante 200 quilômetros de Natal, quase foi morta na noite desta sexta-feira
(17). Ao G1, a Polícia Civil confirmou que a testemunha, que foi
perseguida, espancada, amarrada e quase teve o corpo incendiado, é irmã do
comerciante Francisco de Assis Júnior, de 38 anos. Mais conhecido como ‘ET’,
ele foi preso na manhã da sexta-feira em Macaíba, na região Metropolitana da
capital, e está sendo apontado como o mentor da matança.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, o
atentado aconteceu em Nova Parnamirim, bairro de Parnamirim, também na Grande
Natal. Três homens encapuzados a abordaram quando ela desceu de um ônibus e a
levaram para um matagal nas imediações da avenida Maria Lacerda Montenegro. Já
amarrada, ela contou que um dos homens recebeu uma ligação telefônica dando a
ordem para que ela fosse queimada. A mulher lembra, inclusive, ter ouvido o
homem dizer: “Você vai queimar bem devagar, que é pra ver como o inferno é
quente”.
Espancada, ela foi amarrada numa árvore. Os
três homens atearam fogo na vegetação e foram embora. Uma moradora da
vizinhança, viu o fogo se espalhando e ouviu a mulher gritando por socorro.
Essa pessoa chamou a polícia, que chegou a tempo de salvar a vítima. Uma equipe
do Samu levou a mulher ao Hospital Regional Deoclécio Marques em estado de
choque e com queimadura nas pernas, onde ela recebeu atendimento. Ainda de
acordo com a polícia, a irmã de Francisco recebeu alta médica e permanece sob
proteção de uma escolta armada.
Testemunha-chave
As investigações revelam que a irmã de Francisco de Assis deveria ter sido morta como queima de arquivo, pois foi justamente ela quem o entregou à polícia. Em depoimento, dado logo após a chacina, a mulher relatou que o irmão a vinha ameaçando fazia alguns meses por conta de uma casa. De acordo com o relato, Francisco quer que a irmã saia do imóvel para que ele fique com a residência.
Numa tentativa de se defender, a mulher
disse que daria queixa à polícia contando das ameaças e que ainda chamaria uma
das proprietárias do bordel para que esta testemunhasse contra Francisco. O
inquérito também revela que o comerciante seria o responsável pelo
abastecimento do prostíbulo, fornecendo bebidas, cigarros e drogas. Além disso,
Francisco também teria uma participação nos lucros do negócio, recebendo uma
parte do dinheiro pago pelos programas das garotas. Contudo, segundo o delegado
Normando Feitosa, a gerente da casa estaria cobrando um determinado valor pelos
programas, mas não estaria repassando o valor combinado.
Motivações
Insatisfeito em estar sendo passado para trás, e já sabendo que a gerente do prostíbulo poderia ser a pessoa que viesse a testemunhar contra ele no caso das ameaças pela disputa do imóvel da irmã, Normando acredita que estes dois fatos motivaram a chacina. “Sentindo-se acuado, ele teria planejado e dado a ordem para que a gerente fosse morta. Como havia outras mulheres no local, todas acabaram assassinadas”, acrescentou.
“A princípio estamos trabalhando com essas
informações. As mulheres foram assassinadas na madrugada. Assim que o dia
amanheceu e a irmã do Francisco soube da chacina, ela ficou com muito medo e
nos procurou para entregar o irmão. A Justiça concedeu o mandado de prisão e
ele foi detido. Agora estamos tentando chegar aos criminosos que executaram as
mulheres no bordel e também aos homens que tentaram matar a irmã do Francisco,
que está sob proteção policial”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário