Caroline Holder Do G1 RN
O cadáver mais antigo está no
necrotério desde o mês de maio.
Depois de 120 dias, o cadáver é enterrado como indigente.
Necrotério
do ITEP/RN (Foto: Caroline Holder/ G1)
|
O Instituto Técnico-científico de Polícia do Rio Grande do Norte, na unidade de
Natal, tem atualmente 14 cadáveres aguardando identificação para serem
liberados e, posteriormente, sepultados. O corpo mais antigo está no necrotério
desde o mês de maio deste ano. O órgão só libera os mortos para familiares ou
pessoas próximas que provem o convívio por meio judicial. Depois de 120 dias, o
Itep providencia o sepultamento do cadáver como indigente.
“Enterramos como indigente, mas
com toda dignidade. O morto é enterrado em cova individual. A identificação é
feita por números. Se um dia a família aparecer, temos como localizar o corpo
para que os parentes possam sepultar seu ente”, explicou Manoel Marques,
coordenador de medicina legal do Itep.
Corpo
no ITEP/RN (Foto: Caroline Holder/ G1)
|
Segundo o Itep, depois da necrópsia - procedimento para
identificar a causa da morte -, o cadáver passa pelo registro de papiloscopia,
catalogação das impressões digitais, de arcada dentária e, se for necessário, é
realizado o exame de DNA - este último é enviado para um laboratório em
Salvador. Se durante esse tempo os familiares não se dirigirem ao órgão para o
reconhecimento e liberação, o corpo fica no necrotério por até 60 dias.
Transcorrido este período, a permanência é autorizada enquanto houver vaga na
câmara fria.
Contudo, a retirada do corpo só
pode ser feita por familiares, ou pessoas que comprovem na Justiça laços de
parentesco com a pessoa morta. É o que a dona de casa Maria Teixeira da Silva
terá que fazer. Ela foi com o sobrinho Antônio Teixeira ao Itep na tentativa de
encontrar o pintor Manoel Claudino Coelho Neto, de 71 anos, desaparecido desde
25 de agosto, com que viveu por 32 anos. Ela reconheceu o marido, mas não pôde
levar o corpo, já que o casamento não era formalizado.
“Neste caso, precisamos esperar
que os filhos ou a primeira mulher do seu Manoel apareça. Ou a esposa atual
terá que provar judicialmente que possui união estável com o morto. Enquanto
isso ele permanece aqui”, enfatizou Manoel Marques.
Ainda de acordo com Manoel Marques,
em média seis indigentes chegam por mês ao Itep, geralmente vítimas de
homicídios ou de acidentes. Quando o corpo não pode mais permanecer no
necrotério, é feito um requerimento junto à Prefeitura para a realização do
sepultamento em algum dos oito cemitérios públicos de Natal.
Para reconhecer os 14 corpos que
estão atualmente sem identificação no instituto em Natal, o familiar deve ir ao
Itep localizado na avenida Duque de Caxias, no bairro da Ribeira, das 8h às
18h. Outras informações pelo telefone: (84) 3232-6917.
Nenhum comentário:
Postar um comentário