Em
nota à sociedade potiguar, o empresário George Olímpio afirma ser verdade tudo
dito por ele nos depoimentos exibidos pelo programa Fantástico da Rede Globo.
O empresário disse ter se motivado a aderir ao instrumento da delação premiada,
dentre outros fatores, por causa do afastamento dos outrora parceiros no
esquema.
"É certo que o distanciamento daqueles que outrora me tinham como
um jovem que podia saciar suas necessidades monetárias em troca de suas
influências e favores, nas mais diversas esferas de poder, e, que desde ser
desencandeada a Operação Sinal Fechado foram se afastando, como se afasta de
uma doença infectocontagiosas, também contribuíram, apesar de não ser o fator
determinante, para a minha decisão", frisou.
Ele explicou que somente agora conseguiu amadurecer a ideia de confessar os
erros cometidos. "Muitos questionaram porque somente agora (ou melhor em
agosto de 2014), eu resolvi aderir ao instrumento da colaboração e não fiz
anteriormente. A resposta para esses questionamentos reside exatamente no meu
amadurecimento intelectual e moral, numa reflexão - que como toda reflexão
carece de tempo e maturação - que culminou com a minha decisão de sair da
obscuridade e da mentira, que permeiam a má política, e mudar a minha postura
de vida", afirmou.
Ele explicou que em 2012 mentia por estar na condição de réu. "O que vale mais?
Aquela verdade de 2012 ou a que está sendo contada agora? Pergunta recorrente
em alguns veículos da imprensa. Sem sombra de dúvidas, as verdades de 2014. E
por quê? Pelo simples fato de que em 2012 quem vos falou foi alguém na condição
de réu, que pelo ordenamento jurídico brasileiro não tem, pelo menos
tecnicamente, a obrigação de falar a verdade ou produzir prova contra si, em
verdade pode até mentir como estratégia de defesa, sem que isso constitua
transgressão legal", declarou.
Ele explica ainda que agora passou à condição de colaborador e que tomou a
decisão em um momento de maturidade. "Passei sete meses de minha vida
preso e poderia, como muitos fizeram, ter cedido por revolta ou fraqueza,
naquele momento, às dores do isolamento - que são muitas - mas não, preferi o
silêncio e continuar minha reflexão e reforma íntima pessoal até chegar a uma
decisão", explicou.
Ao final da nota, ele garante que não cometerá injustiças, pede desculpas e
anuncia que nunca alinhará as atividades empresariais com o Estado.
Ex-secretário adjunto de Infraestrutura também é denunciado por
envolvimento em esquema no Detran
O
Ministério Público do Rio Grande do Norte comunica, no âmbito dos
desdobramentos decorrentes do acordo de colaboração premiada celebrado com
George Anderson Olímpio da Silveira,que ofereceu, na última segunda-feira (24),
denúncia contra Delevam Gutemberg Queiroz de Melo perante à 3ª Vara Criminal da
Zona Sul de Natal.
Segundo a acusação, Delevam, que foi secretário adjunto da Secretaria de Estado
de Infraestrutura entre 2007-2009, bem como diretor-comercial da Caern em 2010,
intermediou a assinatura de convênio entre o Detran/RN e o Instituto de
Registro de Títulos e Documentos e de Pessoas Jurídicas do RN - IRTDPJ/RN, este
último representado por George Olímpio, de modo que todo contrato de
financiamento de veículo com garantia real no Estado tivesse que ser registrado
perante cartórios ligados ao instituto, com pagamento pelo registro por parte
dos adquirentes dos automóveis.
Para tanto, ainda conforme a peça, o acusado, que igualmente figurou como
presidente do comitê financeiro do PSB nos anos de 2010 e 2014,negociou o
recebimento de propina para si e para a então governadora Wilma de Faria e seu
filho, Lauro Maia, já réus no processo que investiga as condutas criminosas
relacionadas à operação.
Com feito, conforme a nova denúncia, a cada contrato registrado, Wilma recebia
R$ 15,00 (quinze reais), enquanto Delevam e Lauro Maia dividiam o montante de
R$ 3,00 (três reais), sendo que o valor integral da corrupção era pago
normalmente a Delevam, para posterior repasse aos demais acusados.
Por esses motivos, foi requerida, ao final, a condenação dele nas penas dos
artigos 288 e 317 do Código Penal. Quanto à ex-governadora e seu filho, os
mesmos já respondem pelos mesmos crimes no âmbito do nº
0135747-04.2011.8.20.0001.
Ezequiel Ferreira volta a negar acusações do MP
O
deputado estadual Ezequiel Ferreira de Souza (PMDB) fez pronunciamento na
sessão plenária desta terça-feira (24), esclarecendo as denúncias do Ministério
Público Estadual, na operação denominada Sinal Fechado. Ele negou as acusações
contra ele e explicou a tramitação de projetos na Casa, afirmando ser comum na
Assembleia o pedido de celeridade na tramitação de determinados projetos.
"Em inúmeras oportunidades, como é da rotina de todos os deputados, tenho
ido ao presidente e ao colégio de líderes, para pedir agilidade na aprovação
dessa ou daquela matéria. E isso é mesmo rotineiro nesta Casa, composta de
apenas 24 parlamentares, e que facilmente conhecem de pronto as implicações dos
projetos em discussão, sem necessidade de mais estudos e debates nas comissões",
afirmou o parlamentar.
O deputado citou como exemplo o projeto de lei que dispõe sobre a criação de
cargos no quadro geral e serviços auxiliares no âmbito do Ministério Público do
RN, aprovado pela Casa com dispensa da tramitação regimental. Igualmente, citou
ainda os projetos que autorizaram o Estado a contrair empréstimo junto ao Banco
do Brasil e a reuniu os fundos do sistema previdenciário.
O parlamentar mencionou ainda a aprovação do projeto de lei complementar que
reajusta os vencimentos básicos dos cargos públicos de provimento efetivo de
professor e especialista em educação, ocorrido já durante a sua presidência.
"Todas estas leis foram aprovadas com dispensa da tramitação normal, e se
em algumas delas havia interesses corporativos, ou o trato com milhões e
milhões de reais, nunca se levantou qualquer suspeita de corrupção em torno
delas", observou.
Durante o pronunciamento, o deputado relembrou que a aprovação da lei que
dispunha sobre a implantação da inspeção veicular no RN teve o aval para sua
aprovação do próprio Ministério Público Estadual, através de ofício da 28ª
Promotoria de Justiça de Natal dirigido à Assembleia. Defendeu ainda que a
matéria foi amplamente debatida, à época, em audiência pública.
"Como presidente da Assembleia, repudio com a maior veemência o uso da
Casa para biombo que busque ocultar a ação criminosa que haja causado qualquer
dano ao Rio Grande do Norte", afirmou.
Todos os deputados presentes apartearam o pronunciamento do parlamentar, se
solidarizaram e reafirmaram as informações sobre o procedimento de tramitação
de projetos na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.
"Nunca vi nenhuma proposta de ordem material para dispensa de tramitação
de projeto", disse o deputado Getúlio Rego (DEM). Kelps Lima (SDD) diz que
é testemunha de que "todos nós sabemos aqui que todas as matérias, pedidas
por urgência, têm a sua tramitação liberada pela Casa. É a praxe", segundo
ele é muito raro não haver dispensa de tramitação.
Os parlamentares George Soares (PR), Márcia Maia (PSB) e Fernando Mineiro (PT)
disseram que as denúncias pesam contra a Casa. "O método de dispensa de
tramitação é regimental e legal", observou Mineiro.
Do Jornal O Mossoroense