Carolina Gonçalves – Repórter da Agência Brasil
A publicitária Nelci Warken, que prestou serviços à
Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), foi a primeira pessoa detida
na 22ª fase da Lava Jato na manhã de hoje (27), batizada de Triplo X. Em
entrevista concedida há pouco, os investigadores da operação anunciaram ainda
que já estão presos Ricardo Honório, um dos sócios do escritório da empresa
Panamaense Mossack Fonseca no Brasil, e Renata Pereira Brito que trabalhava com
Honório.
A empresa é responsável pela offshore Murray, que adquiriu um
condomínio imobiliário no Guarujá, litoral paulista, inicialmente construído
pela Bancoop, presidida entre 2005 e 2010 pelo ex-tesoureiro do PT, João
Vaccari Neto, preso em abril do ano passado. O empreendimento foi repassado
para a empreiteira OAS em 2009, em função de uma crise financeira da
cooperativa.
O nome da operação faz alusão a Murray que mantém um triplex
no condomínio. A Polícia Federal apura se houve ocultação de patrimônio na
operação e se as unidades foram usadas como repasse de propina.
“Além dos possíveis crimes de sonegação fiscal e ocultação de
patrimônio, há indícios de que os imóveis foram usados para pagamento de
propina a pessoas que hoje são proprietárias”, explicou o delegado da Lava
Jato, Igor Romário.
O delegado acrescentou ainda que outras três pessoas que tem
mandado de prisão temporária expedido estão no exterior. Uma delas é Maria
Mercedes, administradora do escritório da Mossack no Brasil. Outra pessoa que
já foi localizada e notificada é Ademir Auada, funcionário da empresa
responsável por abrir diversas offshores. Auada também é esperado na
Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba.
O sexto mandado de prisão temporária foi expedido em nome de
Luis Fernando Ernandez Ribeiro que não foi localizado pela PF. Todos estão
ligados à Mossack Fonseca.
O delegado Igor Romário disse que as buscas e apreensões – 15
mandados – nas residências indicadas já foram concluídas. Na 22ª fase da
Operação Lava Jato, deflagrada na manhã de hoje (27) em São Paulo e Santa
Catarina para apurar suspeitas de corrupção, fraude, evasão de divisas e
lavagem de dinheiro, ainda existem dois mandados de condução coercitiva. Com
estes mandados, a PF já ouviu hoje o depoimento de Eliana Pinheiro de Freitas e
Rodrigo Andres Fernandes, também funcionários da Mossack.
Procurador da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima
acrescentou que ainda está sendo investigada a existência de uma estrutura
criminosa para facilitar a abertura de empresas offshores – em paraísos fiscais
- e contas no exterior para esconder dinheiro de propina fruto de atividades
irregulares envolvendo negócios da Petrobras.
Três dos réus – [Renato] Duque [ex-diretor de Serviços da
Petrobras], Mário Góes [empresário] e [o ex-gerente de Serviços da Petrobras
Pedro] Barusco - tinham offshores abertas pela Mossack.
“A Mossack Fonseca que é uma empresa com sede no Panamá e tem
escritórios no mundo inteiro, inclusive em São Paulo. Esta empresa continuava
promovendo a abertura de offshores no exterior”, disse Lima ao mencionar a
continuidade das atividades, mesmo depois do início da Lava Jato.
Segundo o procurador, estas atividades foram confirmadas com
a quebra de sigilos telefônico que indicam
a abertura destas contas tanto para investigados da operação quanto para
outras pessoas.
Lima conclamou pessoas que não estão envolvidas nas
investigações a se explicarem para a PF. “Porque estão usando este sistema que
é um sistema de fraude”, afirmou. O procurador explicou que manter dinheiro no
exterior é lícito, desde que seja declarado aos órgãos brasileiros, como a
Receita Federal.
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