Estadão
Quinze anos
após a criação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e cinco anos depois de
sua transformação em vestibular, pela primeira vez todas as 59 universidades
federais do País vão adotar a prova como processo seletivo - ou parte dele - de
novos alunos. Mesmo com histórico de graves falhas, o Enem se consolidou e
atingiu o recorde de 7,1 milhões de inscritos neste ano.
De 2010 para
o primeiro semestre de 2013, o número de vagas no ensino superior disponíveis
para quem prestou o Enem cresceu quase três vezes, chegando a 129.319 cadeiras,
todas em instituições públicas. E a adesão ao exame deve avançar mais. Onze
federais que utilizam o Enem como parte do processo seletivo já manifestaram
interesse oficial em aderir em 2015 ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu),
plataforma digital que reúne as vagas.
“A aceitação
em relação ao exame aumentou. Mas o desafio logístico ainda é grande, tanto que
ainda não se consegue fazer duas edições por ano”, afirma Reynaldo Fernandes,
ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep), órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC) e responsável
pela prova.
Histórico
conturbado
O Enem foi
criado em 1998 para avaliar o ensino médio, sem grande divulgação ou quantidade
de inscritos. Em 2009, o exame passou pela maior transformação, quando o MEC
mudou a avaliação - do número de questões ao método de correção - e o exame
ganhou status de vestibular para universidades públicas. Por causa dos
problemas nos três primeiros anos, como o vazamento de questões revelado pelo
Estado em 2009 (mais informações na página 8), a adoção do Enem como processo
seletivo pelas instituições não foi tão rápida quanto o MEC esperava.
No primeiro ano do Sisu, em 2010, só 51 instituições de
ensino superior eliminaram seus vestibulares e usaram a nota do Enem - entre
essas, apenas 23 universidades. O total de instituições chegou a 83 em 2011,
95, em 2012, e, no ano seguinte, 101. Quanto mais vagas e instituições de peso no sistema,
maior interesse dos alunos. “A procura mostra a demanda de acesso ao ensino
superior”, diz o presidente do Inep, Luiz Cláudio Costa.
Parâmetro
universal
Para
especialistas, o Enem avança na proposta pedagógica, ao exigir aplicação de
conhecimentos em situações práticas, capacidades crítica e interpretativa, além
da conexão entre conteúdos. “Os vestibulares cobravam memorização, truques e
acúmulo de conhecimentos. É preciso desenvolver o raciocínio”, diz o presidente
da Associação Brasileira de Avaliação Educacional, Ruben Klein.
Outra
vantagem é a mobilidade propiciada pelo Sisu, que permite aos candidatos tentar
cadeiras em outras cidades, sem gastos com deslocamento ou taxas de inscrição.
“É o formato adotado na Europa e nos Estados Unidos”, afirma o professor da
Universidade Federal da Bahia Cipriano Luckesi, especialista em avaliação. Além
disso, as notas de corte de cada curso são fechadas diariamente, mesmo enquanto
o processo seletivo está aberto. Assim, é possível testar em quais carreiras e
instituições é possível ser aprovado.
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