Seridoense procurou a Defensoria Pública em Natal para denunciar o caso |
Uma
história de angústia e tristeza; uma mãe desesperada. A última edição do
projeto Defensoria Pública na Comunidade, realizada no último sábado (23), no
Leningrado, zona Oeste de Natal, revelou o sofrimento de Cícera Batista, dona
de casa, que há cerca de 12 anos vive sem qualquer notícias dos filhos, que
foram sequestrados, no Marrocos, pelos avós paternos.
No sábado, durante o evento, Cícera procurou o atendimento da
Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Norte (DPE-RN) e relatou o drama
vivenciado por ela. Ciente da situação, a instituição já deu os primeiros
passos para tentar ajudar a dona de casa a recuperar os filhos. A primeira
medida adotada será o envio de um ofício ao Ministério das Relações Exteriores.
“Vamos
oficiar o Ministério para que eles possam entrar em contato com a Embaixada do
Marrocos. A primeira coisa que precisamos fazer é localizar as crianças saber é
em qual situação elas se encontram naquele país. Pelos relatos da assistida, um
dos filhos não foi registrado em nome do pai, o que já tornaria sua permanência
com os avós paternos, sem o consentimento da mãe, algo ilegal”,
explicou o defensor José Wilde Matoso, que está à frente do caso.
De acordo com José Wilde, que acompanhou o relato da dona de casa
e que está atuando no caso, Cícera, que é natural do município de Lagoa Nova,
no interior do Rio Grande do Norte, foi casada com um marroquino, que residia
em Natal. Desta união, nasceram os dois filhos que hoje, supostamente, se
encontram no Marrocos.
O drama de Cícera Batista começou em 2002, quando o marido foi
assassinado. Neste momento, a família de seu companheiro pediu à dona de casa
que levasse o corpo do marroquino para que o sepultamento fosse realizado no
Marrocos, onde seus pais viviam. “Ela preparou o passaporte dela e das crianças e viajou para levar
o corpo do marido”, comentou o defensor.
No Marrocos, Cícera ficou um vivendo com a família do marido.
Depois deste período, foi mandada para a Espanha, já sem os filhos do casal. “Ela relatou
que os pais do esposo mandaram ela para aquele país afirmando que ela receberia
auxílio de parentes do esposo. Mas, o que ela nos relatou é que ao chegar à
Espanha, não teve o apoio de ninguém e passou a viver como moradora de rua”,
destacou José Wilde.
Após alguns anos vivendo na Espanha, Cícera conseguiu juntar
dinheiro para voltar ao Brasil, onde começou sua jornada para tentar
reencontrar os filhos, que na época da viagem para o Marrocos tinham menos de
dois anos de idade. Segundo seu relato, a dona de casa chegou a procurar várias
instituições públicas, inclusive a Polícia Federal, mas teria sido informada
que não havia nada a fazer quanto ao caso.
Segundo o defensor José Wilde, agora é preciso aguardar a resposta
do Ministério das Relações Exteriores. “Precisamos aguardar um posicionamento deles para só então
pensarmos no caminho a seguir. Até agora, a situação não está muito clara. É
preciso ter cautela para que a gente possa agir corretamente e solucionar o
caso da melhor forma”, finalizou.
Via: Sidney Silva
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