Brasília - Agentes da Polícia Federal recolheram ontem (25) documentos no gabinete do senador Delcídio do Amaral Jose Cruz/Agência Brasil |
Após passar a noite em uma sala administrativa adaptada, da
Superintendência da Polícia Federal, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS)
amanheceu “menos assustado” do que estava ontem (25), após ter a prisão
decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A informação foi passada à
Agência Brasil por seu assessor Eduardo Marzagão, com quem conversou hoje (26)
pela manhã.
O advogado Maurício Silva Leite também esteve com Delcídio
durante esta manhã. Ele conversou com o cliente por quase duas horas e saiu sem
falar com a imprensa. Os dois se encontraram antes de Delcídio prestar
depoimento às autoridades. O assessor, porém, não soube informar a que horas o
depoimento será prestado.
O assessor visitou Delcídio ontem, após o Senado ter
respaldado a decisão do STF em manter Delcídio detido. “Não conversamos nada
sobre a decisão do Senado. Minha preocupação é com o estado de saúde do
senador, que tem problemas digestivos que podem ficar acentuados pela tensão
pela qual ele passa. Levei comida, café, roupas de cama e o livro A Origem do
Estado Islâmico, do jornalista [irlandês] Patrick Cockburn.”
“Na conversa que tive há pouco com o senador, vi que ele está
bem melhor do que ontem. Ontem ele estava bastante assustado e, a exemplo de
todos que o conhecem, surpreendido com o ocorrido. Mas disse também estar
tranquilo, sereno, confiante e absolutamente convicto de que a situação vai se
reverter”, acrescentou Marzagão.
STF
Ontem, o advogado do senador disse estar inconformado com a
decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de referendar a
prisão do parlamentar. De acordo com Maurício Silva Leite, a Constituição não
autoriza a prisão processual de um congressista. Em nota à imprensa, Leite
disse que tem convicção de que a decisão será revista e questionou a
credibilidade do depoimento do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras
Nestor Cerveró, delator que, segundo o advogado, já foi condenado e que, há
muito tempo, vem tentando obter favores legais com o oferecimento de
informações.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) usou depoimentos da
delação premiada de Nestor Cerveró e do filho dele, Bernardo Cerveró, para
pedir a prisão do senador; de André Esteves, dono do Banco BTG Pactual; do
ex-advogado de Cerveró Edson Ribeiro, e do chefe de gabinete do senador, Diogo
Ferreira. As prisões foram autorizadas dia 24 pelo ministro Teori Zavascki, do
Supremo.
Senado
Após a decisão do Supremo, o plenário do Senado decidiu pela
permanência de Delcídio da prisão. Em votação aberta, 59 senadores votaram pela
manutenção na prisão. Por se tratar de um senador da República, a manutenção da
prisão precisava ser decidida em sessão do plenário da Casa, por maioria dos
membros – 41 senadores.
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