Do G1 RN
As audiências de instrução do processo
da Operação Judas - que investiga desvio de recursos da Divisão de Precatórios
do Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Norte - foram retomadas nesta segunda-feira (3). Três
funcionários que trabalhavam na Divisão de Precatórios do TJRN na época do
escândalo foram ouvidos na condição de testemunhas de acusação. Em depoimento,
eles disseram que só a então chefe do setor, Carla Ubarana, despachava com o
presidente do Tribunal de Justiça e que nunca viram os desembargadores Rafael
Godeiro e Osvaldo Cruz, acusados de participação no esquema, no setor de
precatórios. Os dois desembargadores acompanharam a audiência que aconteceu na
manhã desta segunda na 8ª vara criminal, em Natal.
Em entrevista à Inter TV Cabugi, Osvaldo
Cruz negou qualquer envolvimento no crime. “Eu nunca participei. Eu nunca tive
casa de praia cheia de ornamento, eu nunca tive carros importados, eu tenho um
padrão de vida normal de um desembargador, eu tenho 48 anos de serviço
público”, disse o desembargador.
O advogado de defesa do ex-presidente do
TJRN, Rafael Godeiro, diz que não existem provas que incriminem o cliente. “Ela
manipulou todos os laranjas e depois acusou injustamente, de forma perversa, os
desembrgadores. Nenhum dos dois particiava do esquema”, disse Caio Graco. A
próxima audiência de instrução será no dia 2 de dezembro.
Em janeiro de 2012, veio à tona o escândalo
dos precatórios no Rio Grande do Norte. Carla Ubarana, ex-chefe do setor,
confessou que "criava processos" para receber pagamentos
indevidamente do estado e de prefeituras. O valor seria divido depois entre os
envolvidos no esquema. O prejuízo aos cofres públicos passou de R$ 14 milhões.
Segundo a Justiça, Carla e o marido, George Leal, eram os mentores do crime. Os
dois foram condenados, mas estão recorrendo. Em troca da delação premiada, o
casal confessou as irregularidades e disse que dois ex-presidentes do Tribunal
de Justiça também eram beneficiários no esquema.
Rafael Godeiro e Osvaldo Cruz não tinham
sido julgados antes pela justiça comum porque possuíam foro privilegiado, mas
como foram condenados pelo CNJ à aposentadoria compulsória, perderam essa
condição. Agora, respondem como réus na 8ª vara criminal à acusação de
envolvimento no esquema dos precatórios. O Conselho Nacional de Justiça
considerou que os dois não tomaram os cuidados necessários para evitar as
fraudes enquanto estavam na presidência do TJ.
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