Muita gente acompanhou o cortejo fúnebre da cadela Piabinha, enterrada nesta Quarta-feira de Cinzas (Foto: George Araújo) |
Segundo mulher que a adotou, Piabinha tinha dez anos (Foto: George Araújo) |
Corpo da cadela foi enterrado próximo ao cemitério público da cidade (Foto: George Araújo) |
Nathallya Macedo Do G1 RN
A quarta-feira (18) não marcou apenas o
encerramento do carnaval. Para os moradores de uma cidade do interior potiguar,
a data também marcou o fim da curiosa história de uma cadela. Piabinha, uma
vira-lata de 10 anos que ficou conhecida por acompanhar de perto todos os
enterros realizados em Campo Redondo, morreu nesta Quarta de Cinzas após complicações
no parto. Os filhotinhos não foram encontrados. O sepultamento da vira-lata
parou a cidade. Em retribuição, e sob muitos aplausos e buzinaço, dezenas de
pessoas fizeram um cortejo fúnebre e seguiram de perto o sepultamento do animal.
George Araújo, de 42 anos, é professor.
Ele dá aulas de inglês e português em uma escola estadual de Campo Redondo e
também trabalha numa rádio comunitária. Ele foi um dos que acompanharam o
enterro de Piabinha (veja vídeo ao
lado). “Nos últimos três anos, a vira-lata foi a todos
os enterros que aconteceram aqui na cidade. Eu, particularmente, a chamava de
cachorra solidariedade”, acrescentou.
Piabinha foi encontrada e adotada pelo
casal Francisco de Assis Filho e Maria das Vitórias. A cadela estava dentro do
chiqueiro da família, ferida após ser atacada por um dos porcos. As mordidas
foram tão graves que Piabinha chegou a perder parte de uma das patas traseiras.
"Ela tinha quase sete anos quando a achamos e começamos a cuidar dela.
Isso foi há três anos. Então, um parente querido da nossa família morreu, e a
cachorra acompanhou todo o velório. Desde então, ela passou a seguir todos os
sepultamentos", disse Maria das Vitórias ao portal G1.
O professor George Araújo contou que ele
próprio presenciou a cachorra acompanhando vários enterros na cidade. “Foi a
solidariedade da Piabinha que me chamou a atenção”, afirmou. "Ela sabia
diferenciar o sino da igreja. Quando era missa, ela ficava quieta. Quando era
enterro, ia até a igreja e aguardava o início do velório. Acompanhava as
pessoas até o cemitério da cidade e só deixava o local depois de todo mundo
sair", acrescentou Araújo.
Ainda de acordo com o professor, a cadela
conquistou a admiração e o respeito da população. “A quantidade de moradores
presente no enterro da Piabinha foi a prova disso. Nós resolvemos acompanhar o
sepultamento dela, do mesmo jeito que ela fazia pelos humanos", disse ele.
Piabinha foi enterrada próximo ao cemitério municipal de Campo Redondo e ganhou
aplausos.
Campo Redondo fica na região do Trairí e
possui, segundo o IBGE, aproximadamente 10 mil habitantes.
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